sábado, 2 de outubro de 2021

Carência Nutricional


Como sei que meu filho está com falta de algum nutriente?

Se a alimentação da criança não está boa, pode acontecer uma carência nutricional e prejudicar o crescimento e o desenvolvimento dela. Entenda!

Toda criança precisa de algumas coisas para se desenvolver bem: sono de qualidade, brincar ao ar livre, se movimentar, ter interação e afeto com outras pessoas, uma alimentação equilibrada. E para essa alimentação ser equilibrada e com qualidade, deve ser rica em nutrientes. Isso porque nosso corpo não é capaz de produzi-los (com exceção da vitamina D), logo, eles vêm do que nós ingerimos, ou seja, dos alimentos. “O único que pode ser sintetizado no nosso organismo é a vitamina D: uma substância chamada Colecalciferol, que fica “adormecida” na nossa pele, é despertada pelo sol. E através dele e dos raios UVB/UVA, essa substância é transformada em uma forma ativa, a Vitamina D. De resto, precisamos trazer todos os nutrientes da alimentação”, explica a pediatra Paula de Paula Gomes, de Ribeirão Preto (SP), especialista em Introdução Alimentar e Amamentação.

Os nutrientes se dividem em micro (vitaminas e sais minerais) e macronutrientes (carboidrato, lipídeos e proteína). Mas, então, quais são os principais nutrientes para a criança se desenvolver bem? “Todos são importantes, porém cabe destaque para ferro, zinco, cálcio, vitamina D e vitamina A. Esses nutrientes estão relacionados diretamente ao crescimento, desenvolvimento cerebral, saúde dos olhos e dos ossos, sistema imune”, afirma a nutricionista infantil Veridiane Sirota, de Curitiba (PR), especialista em Saúde da Família.

Com uma alimentação bem diversificada é possível alcançar a quantidade necessária de todos os nutrientes. Porém, cabe destacar, que existe uma medida de suplementação preventiva, independente do consumo alimentar estar adequado ou não. A Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza a suplementação das vitaminas A e D e também de ferro até 2 anos de idade para as crianças nascidas a termo. Já os prematuros necessitam também de suplementação de zinco e doses maiores de ferro se o peso de nascimento for mais baixo. “A suplementação dos ácidos graxos essenciais DHA e ARA (Ômega 6 e Ômega 3 de cadeia longa) também são fundamentais para o crescimento cognitivo, desenvolvimento da visão e do sistema imunológico”, diz a pediatra e nutróloga Débora Passos, do Hospital e Maternidade Pro Matre, em São Paulo (SP).






E quando falta?

Se a alimentação não está boa ou há alguma predisposição, pode acontecer uma carência nutricional e isso pode prejudicar o crescimento e o desenvolvimento neuropsicomotor da criança. O período de maior desenvolvimento cerebral acontece a partir do terceiro trimestre de gestação até os dois anos de vida (primeiros mil dias). “No primeiro ano, o cérebro ganha de 350 a 700g, o que representa cerca de 25 a 50% do peso de um adulto. Já no segundo ano, o ganho está entre 700 e 950g, sendo em torno de 50 a 68% do peso de um adulto. Portanto, nos primeiros mil dias de vida da criança é fundamental que a oferta de nutrientes seja adequada, pois deficiências podem afetar habilidades cognitivas e aumentar o risco de doenças crônico-degenerativas a longo prazo”, afirma Débora Passos.

A nutricionista Veridiane Sirota cita alguns exemplos práticos também, como a falta de ferro que predispõe a anemia, repercute em atrasos neurológicos e diminuição do apetite. “Falta de vitamina B12 gera cansaço fácil, falta de concentração, formigamento de mãos e pés. Falta de zinco é considerada um dos fatores de risco mais determinantes do déficit de crescimento em crianças”, complementa.

É por isso, inclusive, que a amamentação é tão importante. O aleitamento exclusivo até os seis meses oferece todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável, como vitaminas, minerais e oligoelementos. Além disso, transfere anticorpos da mãe para o bebê que o protegem até que seu sistema imunológico tenha a capacidade de fazer isso sozinho.

Mas calma, se por algum motivo você não conseguiu ou não pode amamentar, as fórmulas modernas buscam se aproximar ao máximo do leite materno e suprem as necessidades de nutrientes para cada faixa etária. Crianças alimentadas com fórmulas e bem acompanhadas pelo pediatra se desenvolvem sem deficiências nutricionais.

Como saber, então, se meu filho tem falta de nutrientes? Há alguns sinais clínicos, sendo os mais conhecidos unhas quebradiças, cabelo caindo, sono em excesso, falta de apetite, a vontade de comer coisas “estranhas”, como reboco de parede e terra. “A falta de vitamina A também dá sinais, como olho seco, por exemplo. Esses sinais clínicos e uma boa consulta médica são capazes de conduzir à suspeita. Para completar essa investigação, existem os exames laboratoriais que irão quantificar essas deficiências”, explica a pediatra Paula de Paula Gomes. Há alguns exames que o médico pode pedir preventivamente, como após 1 ano de idade para triar anemia, níveis de ferro, ferritina e vitamina D.

A pequena Maressa, 2 anos, não estava querendo comer há três semanas e sua mãe, a contadora Tassia Menezes, 28 anos, achou que fosse seletividade alimentar e marcou consulta com uma nutricionista. Ela suspeitou, pediu exames e foi constatada deficiência de ferritina e vitamina B12. Ela está fazendo a suplementação e, após duas semanas, já está comendo bem melhor, até melhor que antes, segundo a mãe. “Após a consulta com a nutricionista fomos ao pediatra e vimos que essa falta de apetite da Maressa se refletiu no peso, ela havia emagrecido 1 kg. Então agora com os suplementos já é perceptível a melhora do apetite e já recuperou um pouco”, diz.

Precisa suplementar?

A Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza suplementação de vitamina D para recém-nascido a termo, desde a primeira semana de vida até dois anos de idade, mesmo que em aleitamento materno exclusivo ou fórmula infantil. Em regiões com alta prevalência de deficiência de vitamina A, a OMS, o Ministério da Saúde e a SBP indicam a suplementação.

Para prevenir a deficiência de ferro, a SBP orienta que a suplementação com ferro deve ser iniciada aos 3 meses de idade e mantida pelo menos até o segundo ano de vida. A dosagem de ferro varia conforme o peso ao nascer, idade gestacional ao nascer e consumo de fórmula infantil.

“Após 2 anos de idade não há suplementação que seja obrigatória, cabendo ao profissional de saúde avaliar como está a ingestão de nutrientes via alimentação; avaliar sinais e sintomas de possíveis carências nutricionais; avaliar exames laboratoriais para diagnosticar possíveis deficiências nutricionais e planejar o tratamento adequado”, orienta Veridiane Sirota.

Cada nutriente possui uma quantidade adequada a ser consumida por dia, que varia conforme a idade, o que pode conduzir como será o aporte fornecido via suplementação, que pode ser via oral ou injetável, de acordo com a necessidade do caso. O tempo de suplementação depende do grau de insuficiência do nutriente e da resposta ao tratamento iniciado.


Onde encontrar os nutrientes

Veja alguns exemplos de quais alimentos você pode dar ao seu filho.
  • Vitamina B12: é encontrada apenas em alimentos de origem animal, como carnes e laticínios.
  • Vitamina D: é encontrada em especial em laticínios e carnes, mas também conseguimos produzir através do contato da pele com os raios UVB.
  • Vitamina C: encontrada em grande parte das frutas e verduras.
  • Zinco: carnes em geral, leguminosas, cereais integrais, nozes.
  • Vitamina E: azeite de oliva, óleos vegetais, amêndoas, avelãs, cereais, gordura animal, gema de ovo, manteiga, sementes.
  • Vitamina K: vegetais verdes folhosos, tomate, espinafre, couve-flor, repolho, morango, batata.
  • Vitamina A: fígado bovino, cenoura, mamão, batata doce, abóbora, laticínios.
FONTE

https://revistacrescer.globo.com/Alimentacao/noticia/2021/04/como-sei-que-meu-filho-esta-com-falta-de-algum-nutriente.html

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