terça-feira, 30 de junho de 2009

Por uma Vida sem Tabaco

Cada vez menos gente fuma no Brasil...

Esta imagem eu tirei de uma campanha realizada em 2008 pela ANEM, Associação Nacional de Estudantes de Medicina é a Federação que agrega as Associações e Núcleos das setes Escolas Médicas portuguesas, representantes dos cerca de 7000 estudantes de Medicina portugueses.

Cada vez menos gente fuma no Brasil. É o que comprova o resultado da pesquisa conduzida pelo Ministério da Saúde em sete capitais brasileiras, publicado na última semana de março de 2004: o número de dependentes de nicotina no país é de aproximadamente 20%.

Tendo em vista que, nos países industrializados, entre 22% e 25% da população fuma, e que alguns deles investem grandes somas na prevenção e no tratamento do tabagismo, nossos números se tornam especialmente expressivos. Afinal, para um país que investe quase nada em prevenção e muito menos em tratamento para fumantes desejosos de se livrarem da dependência, e que até ontem era complacente com o cinismo da publicidade do cigarro em horário nobre na TV, o resultado é surpreendente.

Embora a falta de estudos semelhantes no passado não permita avaliar com precisão a velocidade com a qual a epidemia de tabagismo se dissemina, certamente está ocorrendo uma queda expressiva na prevalência de fumantes. Basta lembrarmos da porcentagem de adolescentes que fumava nos anos 1960 e a dos que fumam hoje.

Naquela época, o impacto da propaganda do cigarro era universal: no cinema, na TV, no rádio e na música, todos os astros e estrelas fumavam sem parar. Que adolescente conseguia resistir ao charme dos lábios de Rita Hayworth assoprando a fumaça para o céu?

É verdade que já nos anos 1950 numerosos estudos haviam demonstrado que fumar provoca câncer, enfisema, ataque cardíaco e muitas outras doenças, mas a estratégia de defesa adotada pela indústria do tabaco foi a do contra-ataque: de um lado contratava técnicos para criticar a metodologia empregada nessas pesquisas; de outro, pressionava os meios de comunicação para garantir que não fossem divulgadas.

Qualquer jornal, emissora de rádio ou de televisão que ousasse levantar a menor suspeita de que o cigarro pudesse trazer algum malefício à saúde sofria retaliação financeira imediata.

A partir da Segunda Guerra Mundial, essa compra de espaço nos meios de comunicação, aliada a um tipo de publicidade dirigida sem nenhum pudor para aliciar as crianças, alastrou a epidemia da dependência de nicotina pelo mundo inteiro. Na história do capitalismo, raros crimes contra a humanidade foram executados com tal premeditação.

Mas os tempos mudaram. O poder dos fabricantes de cigarro nos dias de hoje é sombra anêmica do passado. Legalmente impossibilitados de inserir comerciais nos jornais, no rádio e na TV, como coagir a imprensa? Como impedir campanhas para motivar fumantes a largar o hábito de fumar, como a apresentada em rede nacional pelo "Fantástico" no ano passado?



A perda de acesso aos meios de comunicação de massa, o peso das evidências médicas ao demonstrar que o fumo é a principal causa de morte evitável em nosso país e a ameaça de serem obrigados a pagar indenizações milionárias às famílias dos que morreram por causa do cigarro obrigaram os fabricantes a adotar nova estratégia: a do silêncio. Quietinhos, têm a esperança de continuar seus negócios sem chamarem a atenção. Enquanto existirem viciados que comprem um maço por dia do fornecedor, haverá faturamento, devem pensar.

Os números publicados pelo Ministério da Saúde deixam claro que estavam enganados os céticos: é possível refrear a disseminação da epidemia do fumo, basta haver disposição da sociedade e seriedade política. Para isso, algumas das medidas sugeridas pelos técnicos podem ser implantadas a curto prazo, sem ônus para o tesouro:

1) Aumento de impostos. Em nenhum país civilizado é possível comprar um maço de cigarros por meio dólar. Está exaustivamente provado que, quanto mais caro o maço, menor o número de cigarros fumados;

2) Proibir todos os tipos de publicidade. Toda e qualquer propaganda de uma droga que provoca um tipo de dependência tão difícil de vencer, tanto sofrimento físico e tantos óbitos, para viciar meninas e meninos em nome do lucro, deve ser punida como crime inafiançável;

3) Incluir no currículo obrigatório das escolas aulas sobre os problemas causados pelo cigarro;

4) Proibir o fumo em lugares públicos. Não está certo obrigar quem não fuma a inalar fumaça alheia. Embora não seja obrigação do Estado proteger o cidadão contra o mal que ele pode fazer a si mesmo, é seu dever protegê-lo do mal que os outros podem fazer contra ele. Além disso, não há dúvida de que a proibição ajuda o fumante a adquirir mais controle sobre a dependência;



5) Oferecer tratamento gratuito para os que quiserem largar o hábito de fumar. Hoje existem grupos de apoio, adesivos e chicletes de nicotina, além de medicamentos que ajudam a vencer as crises de abstinência. É ignorância deixar de oferecê-los gratuitamente aos fumantes, ainda que não seja por razões humanitárias: sai muito mais em conta do que esperá-los ter câncer, infarto, derrame cerebral.

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